Casamento
Meu casamento
É como o vento;
Soprou faceiro
Levou as folhas
Da solidão
Que neste pátio
Do ser no escuro
Se acumulavam
E bichos davam...
Me trouxe então
Um roseiral
De um altiplano
Americano
De rosas cheio
Que pouso fez
Nos átrios meus
Pra florescer
No alvorecer
De claro dia
Ao himeneu
Do nosso amor.
Não há mais bichos,
Não há mais ursos
Que após o sono
Despertam sós.
Mas passarada
Que canta assim:
“Casar é bom
Com quem amamos,
Pois traz um dia
Alvissareiro
Que só promete
Fortuna e sorte”.
Então feliz
Eu saio ao pátio
Co’a tua mão
Na minha mão
Pra contemplar
A ação do vento
Que as folhas secas,
Sem direção,
Pra longe as leva,
Bem como aos poucos
O roseiral
Vai desfolhando,
Até deixá-lo
Desnudo a um céu
Que nos contempla
Indiferente.
E vem a noite
E agora nus
Nos recolhemos
Enfim sabendo
Que a condição
Do ser no mundo
É a da falta,
É a do pátio
Sem roseiral;
Por isso, vem,
Do pátio nua
Amar-me mais
Se inda puderes!