A um Menino de Rua

Perdoa-me. Perdoa-me, por saber-te tão carente e desprotegida,

e não fazer nada para te ajudar.

Perdoa-me por eu fazer parte de uma sociedade tão medíocre e

arrogante, que muito contribui para o teu desalento.

Perdão te peço, menino de rua, por saber-te tão dependente da bisnaga

de pão que todos os dias tenho à mesa e nem sempre agradeço por isso.

Perdoa-me por não afagar os teus cabelos, e nem te olhar nos olhos

tão tristes e esperançosos.

Queria falar-te, o quanto me dói ver-te a mendigar, saber que crescerás

assim e contribuirás para semear o ódio que hoje plantamos em teu

pequenino coração.

Não sabes tua origem, e nem para onde vais, e, eu consciente sei, mais como

os outros me calo e ignoro, porque todos assim o fazem.

Será menino de rua, que só tens direito às ruas?...

Assim mesmo, junto aos teus amigos, brinca com a tua própria sorte.

Se eu fosse tu, menino de rua, tão cedo, já teria matado ou morrido.

Aparecida Camilo.

Cida Camilo
Enviado por Cida Camilo em 13/06/2013
Código do texto: T4338931
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