SEM UMA PARTE DO PASSADO
(Sócrates Di Lima)

O hoje é um dia diferente,
Um dia de limpeza,
Tudo que marca a gente,
Se amontoa com certeza.

Então fiz de minhas histórias uma casa,
Onde cada cômodo representa um sentimento,
Cortei minha asa,
Coloquei-a no forno para queimar no momento.

E amontoei tudo em uma " bagassa"
E ateei fogo na casa,
Onde tudo se fará fogo e fumaça,
Sob o olhar da tarde numa brisa rasa.

E ali, do lado de fora,
Ela olha com olhar de espanto,
Vendo o fogo levar tudo embora,
Até mesmo o doce encanto.

E seu olhar já não perdido,
Por consentir o fogo a tudo queimar,
Já esperava o acontecido,
Não havia nada a se desesperar.

E assim, o fogo queimou parte do passado,
E tudo que nela habitou,
O Eu queimando em labaredas acordado,
E ela olhando o que então restou.

As dúvidas foram em fogo ateadas,
As promessas carbonizadas,
O fogo queima e arde em labaredas amareladas,
Misturando as cores incineradas.

E agora, depois da casa queimada,
Limpando tudo que foi armazenado,
A alma é novamente libertada,
De si, e das vontades de ser amado.

Não vou buscar o futuro agora,
Mas o presente é de fato vivo e inusitado,
O que me incomodava foi queimado,
E agora me sinto, sem uma parte do passado.


 
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 12/06/2013
Reeditado em 12/06/2013
Código do texto: T4338555
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