ESTAVA NO AR
Estava no ar...
Quando foi que chegou não posso saber
Mas estava no ar...
Pomposo e pesado
Insofismável e etéreo
Estava entre-nos
Chegou sem alarde como costuma ser
Tomou seu lugar entre nos sem esforço
Pude ver a ultima lagrima nos olhos dela
O ultimo olhar perdido
Ausente de amor?
Não sei!
Talvez ainda uma delicada fagulha a brilhar
Ainda lembro-me das palavras
Oh as ultimas palavras sensatas entre-nos
Antes dos gritos e grunhidos...
Antes do que mais parecia um rosnar
Será que entendes?
Eu ouvi cada silaba como quem esta longe
Tão longe...
E as ultimas palavras foram minhas
Estava no ar...
Em nossa própria atmosfera pessoal
Era predestinado?
Uma profecia?
Quem pode saber?
Eu chorei entre macieiras meu ultimo pranto
Debulhei lagrimas incontroláveis na solidão da tarde
Se fui ouvido ou visto não sei
Não me importo
Eu estava à margem do caminho que julgara correto
Atrás de mim só ilusões fugidias e um amor que fenecera
Diante de mim um futuro sem canções
Sem vozes
Estava no ar agora eu sei
Chegou de mansinho decretou nosso fim
O silencio... estava no ar
Calou-nos pra sempre.