A Qualquer Hora
Me deu vontade de dizer...
A Democracia,
Se ainda não sabe,
Se ainda não se enxerga...
Que só há liberdade,
Nas capitais;
No campo de qualquer cidade;
Nos presidios;
Nas Escolas;
Na livre iniciativa de ir e vir;
Ou na morte dos revolucionários...
Quando os donos ou os senhores...
Não tem os seus interesses afetados.
Por que o mundo é dos individuos,
Não dos coletivos.
Mas se ainda me perguntarem;
Se ainda não acreditarem;
Se ainda me contradisserem...
É porque não sabem;
É porque não querem ver;
É por que, e infelizmente não sonham;
Porque não querem lembrar...
Das tantas dores...
Que o nosso corpo assume;
Que nossa vida encurta;
Que os nossos filhos perdem-se e
O tempo incerto esconde numa ideologia.
Que a religião teima em ensinar;
Que a televisão não cansa de inventar;
Que as revistas exitosas não param de multiplicar;
Que os artistas se contagiam.
Temos a vivência,
Mas consciência inativa;
Temos um direito:
Mas por pensar em si busca-se os defeitos para se igualar;
Temos nossa estima subjulgada e
As nossas forças anexadas aos bens de qualquer matéria.
Mas há que se acreditar...
Mesmo no fundo do poço;
Mesmo num corpo decrepto...
Há vida para amar.
A indignação, a omissão da justiça ou a lerdeza...
Ao invés de matar, mais do que as mazelas,
Devem ser o subsído d' alma,
Para que renove-se o que se acredita.
Pois não podemos dormir esquecendo a essência de nossa existência.
Liberdade ainda que seja tarde para o sol nascer.