Pescaria do amor
As poetas jogaram as redes
No mar da poesia
E perderam as rédeas
Com pescas de prazeres,
Desejos e agonias
As ondas da loucura
Acordadas pelos gemidos
E os tremores do mar
Mudaram completamente
O curso da pescaria
E o desejo inicial
De versos carnudos
Com pouca espinha
Para não se machucar
Adormeceu no sacolejo
Dos corpos encontrados
Dos desejos perdidos
Entre versos salgados
Onde o pescador devora
Tudo o que encontrar
As poetas na ânsia de se alimentar
Se desfazem
De rimas e remos
De padrões e listas
Recolhem suas redes
E jogam-se ao mar
Certas de que o pescador
Agora é isca.