A mão que afaga,
pelo corpo desliza,
pode ser a mão convicta,
que fere certeira e precisa;
O amor pode ser
a porta incerta, aberta para dor,
quando o desejo for uma paixão proibida;
A ilusão da vida,
talvez seja o fel da decepção,
quando só reina emoção e prazer
numa vaga hora qualquer,
eis aí a receita da lágrima do amanhã ou agora;
A verdade é que a incerteza
gira com graça e beleza,
faz, desfaz, não importa,
ronda, cerca, segura e configura,
outra figura não imaginada, não idealizada,
deixando uma única certeza:
que a categórica assertiva talvez seja produto,
ou fruto dela (incerteza)
se assim for, o mapa do plano,
pode ter sido um ledo engano;
O que sei não é lei,
e o que penso, e passo,
no compasso ou descompasso,
é a certeza que incertezas,
tenho e ainda as terei.


ANDRADE JORGE
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14/06/05