A fresta

Olhando pela fresta, lá fora a rotina

Aqui dentro, tudo escuro,

Vou tropeçando em mim mesmo,

Enquanto me procuro,

Meus dedos em carne viva

De tanto tropicar em vírgulas

Acentos aos centos,

Dizem que são sentimentos

A exclamação é a emoção

A interrogação, uma inquietação

Você, o Eu-lírico, na minha lira

Dos vinte e oito anos moribundos

Um percalço fatídico,

No ritmo do sol e da lua

Insensível aos que andam na rua

Que passa em frente a fresta

Onde existe um olho, que observa

Escreve, sente, acentua

Lúcido ou ébrio, não se sabe o que presta

Na rua, na vida ou na alma tua