A GOTA DE ORVALHO

Era uma vez uma gota de orvalho

que vivia a se esconder do sol

para não ser dissipada.

Às vezes no caule sinuoso do arbusto

outras, no âmago de uma flor.

E sempre conseguia sobreviver.

O sol ia embora, a noite vinha

e ela era regada pelo néctar de outra gota.

E assim passou muito tempo.

Depois veio o verão, rígido,

e ela tentou se esconder mas foi inútil.

O sol da tarde buscava nos mais ínfimos lugares

e a achou, secando-a

e ela deixou de existir.

Somos gotas de orvalho,

ficamos a buscar um lugar

para fugir do mal,

onde não saibamos que a violência existe

e onde possamos guardar

os ensinamentos que recebemos

para que não se esvaiam apagados

pela realidade do hoje, onde os valores são outros.

Para não sabermos que Deus morreu,

dando lugar a muitos deuses

que estão levando à destruição

o homem e a natureza.

Para que tenhamos ainda, por pequena que seja,

a esperança,

de que há solução para a vida

pois nosso grito de socorro será ouvido

antes do entardecer dos tempos!

Mas pobres de nós!

Muitos não temos onde nos esconder.

Sucumbimos ante a realidade cruel da vida

e muitas vezes não resistimos...

Cansamos de lutar

e morremos!

Simplesmente Romântica
Enviado por Simplesmente Romântica em 10/06/2013
Reeditado em 10/06/2013
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