Aromas

Aromas viajam mistérios.

São segredos que o vento espalha

em escuras ruas desabitadas.

Aromas são promessas.

São Futuros antecipados de Presentes indefinidos

na face que não conheço por trás de máscaras não venezianas.

Mas sinto que nela viceja a esperança que insisto ter.

Que nela insiste a esperança que temi perder.

Que no aroma insiste a certeza da busca

e a aventura do encontro descoberto.

Que em alguma esquina de São Paulo tão grande,

e que numa noite ficou aos pés da Musa amada,

a moça da máscara e dos aromas haverá de se cristalizar

em carne, osso, amor e alma.

Então, o "tempo e o vento" que Érico cantou, cessarão.

E deixarão no banco de qualquer praça

a face e a vida a serem reveladas.

Para Ana.

Da prosa de Érico Veríssimo "O Tempo e o Vento".