Sonho,milagre... Morte!

O milagre...

Da crença é o filho amado.

Natimorto meu sonhar,

Nunca ocorrendo por sorte,

Acontece já fadado a morte.

Morte do amor?

Da fascinação, da paixão...

Enfim, do toque das mãos!

Um sonho ousa transpor a fronteira da realidade,

E se perde coitado, na diversidade dos sentimentos,

Ficando sem situar-se no espaço, no tempo,

Flutuando no vácuo na verdade...

Ínfima proteção possui... Uma centelha de luz.

E sua fragilidade se traduz,

Nas lágrimas que me vertem dos olhos,

E afogam meu tolo sonhar...

Sem o abrigo da imaginação,

Torna-se pressa fácil da falta de tempo,

Da incompreensão... Da falta de tato,

E o ciúme o envolve em sua teia,

E fica a mercê da fome da aranha do descaso,

E na escuridão do não existir,

Ocorre o morrer da semente

Para o brotar novamente... Para mais uma vez morrer.

Ciranda macabra...

Meu sonho, só uma flor em botão!

Precisava de proteção, de cuidado, atenção...

Esvai-se sem ser visto ou amado

Mas como amar, entender o que não se conhece,

Não é a mesma coisa que amar,

O dia que amanhece,

Que, paradoxalmente,

Sempre igual, e sempre um espetáculo novo!

Natimorto meu sonho,

Apenas uma minúscula flor,

Nascida em meio a um jardim tão diverso,

Perde-se da vista alheia, dos gestos de afeto,

De um poeta qualquer,

Que vaga, buscando inspiração para seus versos.

Desbotado sonho, voltou para meu mundo.

Desencantado, aflito, descolorido,

Banido, pelas cores berrantes, de flores mais constantes...

De sonhos mais impressionantes.

Apenas uma erva, pequenina e rasteira,

Colhido apenas para ser incinerado,

Abolido para dar lugar a um campo bem aparado,

Onde as flores brilham muito mais belas...

E o artista imortaliza em sua aquarela.

Meu sonho... Flor sem cheiro nem cor.

Um milagre que não aconteceu de verdade.

Morreu, secou,

Deixou de ser eu,

Passou a ser miragem

Perdido da emoção

No oásis de um desamor,

No árido deserto,

Que se tornou meu coração!

Observadora
Enviado por Observadora em 01/04/2007
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