Algum dia, algum dia
Até que ponto vai esse desejo,
essa angústia?
Pego o linho de novelo da vida
e estendo por toda a casa.
Quando finalmente acabar e eu estiver por morrer,
perguntar-me-ei o que poderia bastar
para cobrir a extensão da minha cupidez...
Afinal,
quem poderá dizer
que eu não tentei mensurar a minha ânsia
por saciedade?
Em vão, em vão...
Uma medida e meia?
Duas e três quartos?
Qual a quantidade de veneno devo usar
para sanar essa divina loucura?
Haverá um limite?
Eu sei, nenhuma grandeza
será suficiente.
Resigno-me e passo
a dizer para meus botões, em voz baixa:
Algum dia, algum dia...