Escrevi em cada pétala
Do girassol
Um verso do meu poema
De sol
Cada verso a carícia dos
Ventos nos trigais
Nas espigas douradas
Dos milharais
Nos olhos abstratos
Sem nervura
Do espantalho de braços
Abertos
Nas asas negras eriçadas
Do anum
Nos olhos vermelhos dos corvos
Esfomeados
Acendidos pelas tempestades
 
Poetei cada pétala no meu verso
Com palavras amarelas
Para não machucar os olhos
Do girassol
Nem ferir sua pele macia
Como um pêssego
Nem seus lábios doces
Como um verde canavial
 
Esperei que ele declamasse
Antes do arrebol
Mas o girassol sentiu o peso
Dos meus poemas
Ainda pronunciou os primeiros
Versos
Sorumbático encostou seu dorso
Nas estrelas
E adormeceu profundamente
 
Sem o sol meus versos
Ficaram apagados nas pétalas
Sonolentas do girassol
Enluarado
Os que ainda foram pronunciados
Perderam-se nos campos dourados
Entre as borboletas azuis
Os que ainda foram bocejados
Abriram as asas das lagartas
E os grãos adormecidos
 
Os silentes foram passear
Nos oníricos sonhos do girassol
E acordar amanhã com os cantos
Dos pássaros afã
O manto branco de lã dos lírios
O coro das abelhas tecelã do mel
As flores místicas do romã

E os raios de sol.     
 
          Luiz Alfredo - poeta
 


luiefmm
Enviado por luiefmm em 09/06/2013
Reeditado em 09/06/2013
Código do texto: T4332214
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