O Sono de Ontem
Os ruídos anoitecem também e esfriam os tímpanos,
com o escuro passamos a ouvir os cães, raras buzinas,
escutamos da noite sua distância, as estrelas mudas,
uma lua discreta que não comenta nada sobre o sol.
E neste pacto do quase silêncio, o raptor da mente,
luta para paralisar em sono tudo que não foi normal,
e abismos se abrem nos bocejos indolentes e lentos,
eu busco ainda vida em lamparinas, sombras, sonhos.
Adormeci sem fechar uma rima, mesmo que medíocre,
cansado poeta de ser profundo e perfeito, limpo, livre,
revolvendo o dia desfeito, cenas desconexas e soltas,
que vão se tornar no futuro, o passado dia de ontem.
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