[Hesitação]
Estranha, quase indizível,
é essa sensação do pé no ar,
antes de arriscar o passo:
a terra chega a tremer...
Estranha é essa necessidade
estúoida de morder o freio, negacear,
e mais uma vez, desguiar o olhar,
e não abraçar o objeto do desejo!
Estranha é essa fome
que bem sabe o que quer,
e viaja, doida, de um olhar ao outro,
do sonho de um ao sonho do outro!
As frases tornam-se curtas;
ambos têm a boca seca:
os dois sabem-se tentação;
sentem que, soltas as amarras,
navegariam, enfim livres,
para o amplo estuário do amor.
Há um óbvio desejo secreto,
e os dois corações o sabem...
Palpite? Será mais uma perda
daquelas: definitiva, irremissível!
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[Desterro, 07 de junho de 2013]