PEREGRINO
Peregrino,
parti em passos despojados
de sentimentos outros
que não o amor.
E se encontrei meu espaço
entre forças mais antigas,
foi tendo brigas,
pedindo licenças, a alma em riste,
arranhando portas,
abrindo trilhas em folhas mortas,
chorando ecos de gente triste.
( ...e o meu corpo em cansaços,
murmúrios de quem avisa
em segredos de pitonisa,
novas mudanças de rumos,
anseios por outros prumos,
outras fomes e sedes,
sonos em outras redes... )
A vida foi me levando
em novos passos e novos dias
de futuro esquecido,
que, por fim, me deixaram
precisamente
no mesmo lugar
de onde tinha saído,
lentamente,
em opções de andarilho.
Voltei mais velho, e menos casto,
de futuro mais gasto,
com passos menos longos,
mas nos mesmos tropeços e tombos,
e já com ânsias de outras dores,
risos em outras cores...
e no peito um outro norte
- romeiro até á morte,
mas com sonhos de outro tipo.
A vida em outro fito.
( Março 2007 )
A Maria, minha mulher.