Vida vista pela janela...(cenas de um tempo sem sentido...)
Malas desfeitas, réstias rosadas
Bordam tons diversos a cortina
As lágrimas descem pelos sinos
Sons de pássaros, cristais de asas
Partem as porcelanas do destino
No poente da tarde azulada.
Outonos descansam nos ipês
Flores amarelas da estação passada
(como são inúteis os álbuns de fotografia!)
a vida dança e chora nas folhas mortas
nas caladas calçadas, entre rosas,
almas, orações e lamentos
é preciso que chova as águas de março
é preciso nos lavarmos de nós mesmos
já é inútil usar a escada de incêndio
já não há saídas de emergência
só meninos nos semáforo
equilibrando o universo todo
no riso alucinado e colorido
das bolas de malabarismo.
Tonho França.