poesia...

e se não for vadia, indecente

promíscua não há de ser poesia

as palavras que perfilam-se frias

a poesia?

há de escorrer quente pelos dedos

em folhas brutas, brancas ou sujas

inebriar josés, judas, genis e marias

e em noites e em dias, gritar

a olho nu seu corpo ardente

por mãos sedentas de entrelinhas

insaciável prostituta

no exercício de sua essência

em leitos amigos e inimigos, deita-se

por gosto, com gosto

não esgota-se, não medra-se

adapta-se ao gênero, ao sexo

ah, poesia...

tão mãe, amante, filha

ainda que tenha dono

bebe de outros vinhos

bem-me-quer, mal-me quer

baila e fala, às vezes é retrato...

e... com almas, acasala-se

chora, ri, amaldiçoa, dói

doa-se, abençoa... enfurece-se

ama, ama e ama...

sempre tão pura, poesia...

Almma
Enviado por Almma em 05/06/2013
Código do texto: T4327397
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.