Fui buscar um poema na rua. A rua não tem mais poemas.
Tem somente uma quietude estranha. Um silêncio petrificado.
Tem uns rostos desesperados que vem e vão. Que não voltam,
Umas almas dilaceradas em corpos retorcidos, endurecidos.
Os passos perdidos pelo chão. O caminho todo é uma ilusão.
Um casal de moradores de rua passeia de mãos dadas, com nada,
O amor tem lá suas asas, suas casas, seus sistemas, seus dilemas.
As calçadas são de pedra, os olhares são de pedra, sorrisos de pedra.
Os corações são de pedra, os becos são das pedras, tudo vira pedra,
Tudo gira em torno da pedra, aqui se pensa pedra, come-se pedra,
Aqui se cheira pedra, fuma-se pedra. Morre-se pedra. E se atira pedra.
Que atire a primeira pedra quem tiver mais pecado o amaldiçoado.
Que a última pedra será para o justo pelo desplante de ter sido justo.
Fui buscar um poema na rua. Tropecei nas pedras.
A rua não tem mais poemas. Só tem pedras. Só pedras.
Parece que a rua é que é um poema, parece que é.
Um poema duro como a pedra, duro como a vida...
Tem somente uma quietude estranha. Um silêncio petrificado.
Tem uns rostos desesperados que vem e vão. Que não voltam,
Umas almas dilaceradas em corpos retorcidos, endurecidos.
Os passos perdidos pelo chão. O caminho todo é uma ilusão.
Um casal de moradores de rua passeia de mãos dadas, com nada,
O amor tem lá suas asas, suas casas, seus sistemas, seus dilemas.
As calçadas são de pedra, os olhares são de pedra, sorrisos de pedra.
Os corações são de pedra, os becos são das pedras, tudo vira pedra,
Tudo gira em torno da pedra, aqui se pensa pedra, come-se pedra,
Aqui se cheira pedra, fuma-se pedra. Morre-se pedra. E se atira pedra.
Que atire a primeira pedra quem tiver mais pecado o amaldiçoado.
Que a última pedra será para o justo pelo desplante de ter sido justo.
Fui buscar um poema na rua. Tropecei nas pedras.
A rua não tem mais poemas. Só tem pedras. Só pedras.
Parece que a rua é que é um poema, parece que é.
Um poema duro como a pedra, duro como a vida...