MANGAS DO DESEJO
E a chuva irriga o meu pomar
Mangas maduras com pele viçosa
Fibra docinha
Caroço carnudo
Para eu chupar
E passeio minha fome
Pelos becos do corpo dela
Pelos caminhos dos seus cabelos
Que dão as rédeas desse cavalgar
Alimentos para o desejo
Mangas recém-colhidas
Fatias amarelas
Adormecidas ao gelo
Para acender o fogo, mover minha vela
Nesse perdido navegar
Mangas largadas
Entre os lençóis
Corpos cruzados
A ninar o sol
E acordar o luar
Fortalecendo os nós
Onde as gotas de chuva
Que escorrem dos nossos beijos
Dançam sobre os corpos
Somos apenas uma
Nessa tela de desejo.