Vozes do Inferno
vagando sozinha
nesta fria escuridão
escuto em meus ouvidos
as doces carícias dos murmúrios
dessas vozes do inferno,
que me abraçam tão fortemente
dentro de minha doce insanidade
que vive a me beijar a cada
suspiro morto que sai
de minha congelada alma.
ao perceber meu silêncio
refletido nas vozes do inferno
que gritam da alegria
ao sentirem a própria dor,
acalento em minha reprimida
angústia,sombrio beijo de amor,
refletindo em meu cadáver,
vazio espelho quebrado,
todo o fantasma de meu sorriso
a cobrir meu apagado semblante.
e nessas horas suaves
em que me acolho
em meu esquecimento decomposto,
visito em meus sonhos
toda a jornada ao abismo natural
de cada morte que vivi,
guiada sempre e sempre
pelas vozes do inferno
que me chamam a cada noite
de vigília em que me vejo
acordada e submetida
ao inexistente acaso
de dormir tranquilamente.