Versos Re (vela) dos

Aquele poema tinha olhos

Que enxergavam dentro de mim

Parecia uma cigana lendo nossa mão

Os dados do I - Ching

Jogados pelo chão

Ia debulhando - nos com uma espiga

De milho

E me olhando cada vez mais fundo

Com seu olhar profundo

E um pontiagudo brilho

E o eco do seu estribilho

Sabia até que eu gostava dela

E que guardava um soneto na gaveta

Os versos que lia na janela

Iluminados pelo luar vaga-lumes

E pela ambarina arandela

E que escondia meus sentimentos

No porão

E o baú de ossos as epistolas

Remorsos

Que guardava no sótão

Cada verso era como faca

Que rasgava meu coração

O espelho das laminas refletiam

O rosto guardado pelas máscaras

Resguardado pelas expressões

Simuladas

As pálpebras maquiadas

Ainda bem que tive forças

Para fechar aquele livro

E não ler a última estrofe

Daquele poema

Com certeza seria uma catástrofe

Ele saberia onde queimei

Aqueles versos

E onde mora meu fantasma

Os segredos do meu camaleão

Meus ossos que foram costurados

E as metáforas do meu coração

Saberia onde guardei aquela

Tempestade

O local da minha tatuagem

E os acordes daquela canção.

Luiz Alfredo - poema

luiefmm
Enviado por luiefmm em 04/06/2013
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