Versos Re (vela) dos
Aquele poema tinha olhos
Que enxergavam dentro de mim
Parecia uma cigana lendo nossa mão
Os dados do I - Ching
Jogados pelo chão
Ia debulhando - nos com uma espiga
De milho
E me olhando cada vez mais fundo
Com seu olhar profundo
E um pontiagudo brilho
E o eco do seu estribilho
Sabia até que eu gostava dela
E que guardava um soneto na gaveta
Os versos que lia na janela
Iluminados pelo luar vaga-lumes
E pela ambarina arandela
E que escondia meus sentimentos
No porão
E o baú de ossos as epistolas
Remorsos
Que guardava no sótão
Cada verso era como faca
Que rasgava meu coração
O espelho das laminas refletiam
O rosto guardado pelas máscaras
Resguardado pelas expressões
Simuladas
As pálpebras maquiadas
Ainda bem que tive forças
Para fechar aquele livro
E não ler a última estrofe
Daquele poema
Com certeza seria uma catástrofe
Ele saberia onde queimei
Aqueles versos
E onde mora meu fantasma
Os segredos do meu camaleão
Meus ossos que foram costurados
E as metáforas do meu coração
Saberia onde guardei aquela
Tempestade
O local da minha tatuagem
E os acordes daquela canção.
Luiz Alfredo - poema