Mar de dia, cais de noite.
Deito ao mar todos os meus dias
Sei que navego
Navego como ando e ando como sou
Um breve solapar de um vento a este
Convivo com sopapos e os balanços do casco velho do navio
Sempre velejo sentimentos
Sempre conheço novos mundos
E não é de tormentas que conhecemos bonanças?
Não é de estrelas que avistamos destinos, portos seguros?
A minha vida é um continuar de ondas
Sem paradas
Sem arroubos
Sem destinos
O destino é navegar e tenho a certeza que navego
Sempre e sempre acaricio as brumas do mar
Ao mar conheço como dia
Ao cais como noite
Movimento e maré
Minha vida em arte
Quero dizer que me vou com o barulho deste gigante
Que nas suas águas salgadas
São-me lágrimas tristes e alegres
Bem que me admiro quando continuo
Apesar dos pedregulhos e arrecifes eu navego
Construo por todo o canto
O meu destino
Velejo
Com palavra, destino e recomeço
Sou
Sou o que navego
E navego porque preciso
O meu lar é este momento, por ele que existo sempre!