Dizem que ela ouvia um tango a media luz

Porque as janelas se abrem

E as portas também

Porque o sol invade a sala

Não são vistos mais os quadros da arte copiados

A toalhinha de brocado

Nem o aparador ao lado

Onde um candelabro cansado

Brincava de conversar com uma mariposa

Entrava pela garrafa de vinho aberta

Uma fila de formigas

Outra saía

A rolha de cortiça despedaçada

Quase pendida, ao furo no bordado apegada

Os cacos de uma taça vagabunda

Sujou-se do sangue dos dedos quando na despedida

Com tanta força apertada

Pétalas murchas de uma rosa

Contavam ao sol

Uma história desastrosa