Quedas
Um tombo de cada vez
Sempre caindo e levantando
Demorando um pouco, talvez
Mas, de guarda erguida, esquivando.
Jogando pedra em vidraça
Às vezes sendo vidraça também
Sempre tentando não julgar
Esperando a sorte, que não vem.
Cada dia um novo olhar
De dor, de amor ou de desprezo,
Cada dia um mundo novo a se desenhar.
Toda noite um novo pensamento
Um suspiro inconformado
A lembrança de um ausente momento
Um sorriso pelo tempo apagado.
Saudades de um quase amor
De um abraço que não aconteceu
De sentir-me um pecador
Mas, resignado, faço-me ateu.
Mais uma queda se faz!
Impiedosa, feito uma lança!
Ataca-me numa ânsia voraz
Tenta me tirar para uma dança.
Mas é em vão sua investida.
Tal qual uma criança,
De teimosia minha alma é revestida.