A ladeira

Tem dias que a vida parece uma ladeira

A terra ainda gira, mas nada acontece

A força da gravidade é implacável

Difícil pra quem sobe, fácil pra quem desce.

A cada passo dado em direção ao topo

Dois passos dou em direção a base

A minha vida segue como um jogo

E o melhor que eu consigo é um quase.

Daqui debaixo vejo tanta gente

Vejo sorrisos, casarões e até iate

Tento chegar mais uma vez ao monte Olimpo

Mas o cansaço da subida me abate.

Tento pegar impulso tomando distância

Com toda força vou correr depois do três

Eu chego ao meio do caminho e depois caio

Fui empurrado pelo guarda de um burguês...

E então minha vida se resume a isso:

Um dia eu vou chegar ao cume da ladeira

E faço planos, traço metas, rabiscando

E assim pensando passo a tarde inteira.

A dor da humilhação fere minha alma

Sentados em seus tronos riem os burgueses

Quantas noites eu chorei, perdi o sono

Já pensei em desistir milhões de vezes.

O destino é frio, calmo e calculista

Ninguém o sucede e nunca o precedeu

E por nele confiar sigo sabendo

Que terei aquilo que era pra ser meu.

Veio a idéia qual amor de adolescente

Sem que eu notasse ela já existia

Dominou meus pensamentos, quando vi

Só pensava nela dia após dia.

Com tratores poderosos já em seus postos

E trabalhadores prontos pra batalha

A ladeira aos poucos foi diminuindo

Tudo ocorria bem, nenhuma falha.

Com suor e barro nos cansados rostos

E com uma grandiosa alegria

Todos se sentaram gargalhando a gosto

A ladeira, incrível, já não existia!

Somos diferentes mesmo sendo iguais

Assim como eu, você também é humano

Palanques, ladeiras, pódios, nunca mais!

O caminho que eu traço agora é plano!

Weverthon Siqueira
Enviado por Weverthon Siqueira em 01/06/2013
Código do texto: T4320801
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