Um pouco é muito
Há um arrepio dorsal que devora meu ser e entontece meus passos
sempre que caminho na cachoeira. Tênues fios enlaçando cintura, rompendo cercas farpadas pelo tempo descem ladeira abaixo no arco do triunfo e na íris dos seus olhos esgarçados. Buscam o brilho das cores neste espaço de tempo perdido entre brumas de Avalon.
Atravancaram seu caminho até que Quintana, explodindo poros, declara...
'Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!'
Desliza suave corredeiras abaixo buscando espuma das lavadeiras cantarolantes e segue...há mais pedras em seu caminho, muito mais que as citadas por Drummond.
Não há mais o que temer. Deita-se e deixa-se levar. Olhos fechados nas curvas suaves do rio de minha vida. Rio, rio sempre. Gargalhadas soturnas ecoam 'a liberdade que a vida nega e a alma precisa' na doce voz de Fernando, que Pessoa.