DEIXAI VIR A MIM
Deixai vir a pureza das crianças a mim,
Que dela a água límpida da candura
A minha alma sedenta já não bebe;
A inocência da minha criança interior
Perdeu-se na correnteza do rio do tempo!
Deixai vir a beleza dos lírios a mim,
Que dela o aroma puro do encanto
A minha alma oclusa já não respira;
A brandura do meu lírio interior
Rendeu-se ao ímpeto do tufão do tempo!
A mim, o jardim edênico do sentimento deixai vir,
Que estou exilado num deserto de céus cerrados,
Sem candura, sem encanto, sem poesia!
A mim, o abismo nuvioso do futuro deixai vir,
Que na sua plaga os meus pés não pisaram ainda,
E os sonhos do passado são castelos assombrados!