Em pranto
É tanto por pouco
Em pranto está o mundo
De ódio fervilhando
Mortes, tantas, por segundo
E me espanto
Pois não há motivo
Basta um olhar furtivo
Para despertar discórdia
Sucessão de fins forçados
Sem qualquer misericórdia
Realidade onde a paz é utópica
E a água é sangrenta
Bebe-se da vida alheia
Come-se da carne macilenta
Cai a cidade ou o país
Só não cai essa ambição
Essa violência
O dedo posto no gatilho
Quando se ausenta a paciência
Investidas impiedosas
Cortam os céus do continentes
Atingem escudos humanos
Em nome de poucos dementes
Nas terras férteis planta-se a mina
Nas mentes brilhantes a esperteza
Nos justos o ódio infundado
De futuro... só incerteza
Construímos para demolir
Um ciclo interminável
Na pilha de escombros
A raiva é insanável
Suja, a criança se pergunta
Mesmo em sua ignorância
Por que machucam-se assim?
De onde vem tanta arrogância?
Já tivemos o suficiente
Esgotaram-se as saídas
Desse povo paciente
Dessa gente padecida
Estamos em choque
Escondemo-nos do ruído
Na caverna da passividade
Onde tudo está perdido.