DECRETO DO FIM

Esqueçam de mim

Tenho no umbral

o hotel da longa espera

Há outros mais jovens,

mais ricos, mais poetas.

Desço pelo cemitério índio

até a definitiva referência

devolver sem anotação

as cartas de cobrança

que fiz questão de não pagar,

no anseio pela imortalidade

apátrida do devedor

mantenho o sentido íngreme

na aberração que me tornei

por acreditar na história

e sair na rua sem medo do contrário,

Tenho serventia na dúvida e na hostilidade,

o resto deixo gravado em letras intraduzíveis

no muro dos passantes descolorados,

que apenas pelo interesse lembram

que mais do que mera sombra sou alguém,

e ainda que a chama esteja alta

dos confins da ansiedade contrariada

sopro o decreto do fim do fim o decreto sopro