FEITO DE BARRO

Na folha inata

O poeta retrata

A sua solidão;

Caneta à mão

E um olhar profundo

Olhando o mundo

De vida renhida

Como se olhasse

Uma grande ferida!

Olhando o mundo,

O mundo bizarro,

Ele expressa a dor

De ser feito de barro.

Ah se o poeta

Fosse feito de cobre!

Seria mais rico

Ou seria mais pobre?

Seria condutor

Do mais puro amor?

Ou seria um entulho

Do mais puro orgulho?

Além do mais

Teria mais paz?...

Deus sabe o que faz

O poeta é de barro

E não volte atrás.

De um barro tão belo

Resistente ao calor;

De um barro singelo

Nas mãos do Senhor!

Feliz do poeta

Que é feito de barro!

Humilde e pequeno

Como um simples jarro;

Mas que dentro dele

Traz toda beleza,

Traz todo esplendor...

Pois traz a essência

De seu Criador!