Sou Minha!
Dizes à minha pessoa
O quanto sentes saudades.
E talvez eu me comova.
Talvez eu exercite meu lado humano.
Hoje só sei ser sangrenta, diabólica.
Fostes para longe de meu peito
E agora ousas dizer que pensas em mim?
Quanto disparate!
Pensastes antes de agir covardemente.
Fostes tu um pouco mais homem!
E assim eu estaria ao teu lado.
Eu ainda estaria a engraxar teus sapatos velhos.
Hoje és apenas passado.
Algo que se foi e não faz falta.
Nenhuma falta.
Consegui desmembra-me de ti a tempo
De sentir minhas próprias pernas vivas!
E agora vens com essa cara mal lavada,
À espera do afago que um dia foi teu?!
Pobre homem és!
A crer que desamarrarás minhas botas de salto
Numa noite de dança.
Precisas abrir teus olhos.
Enxergares que fostes,
E não és mais!
Simples de desenhar,
Caso não compreendas.
Ou finjas não compreender.
O tempo fora audaz, sarcástico.
Mas mostrara-me o prazer do desapego.
Desapeguei-me de ti.
E hoje sou minha!
Obra patenteada, sem cópias fajutas.
Sem rasuras na fabricação.
Tu que vás empurra bêbado na ladeira!
Não quero mais pouca coisa.
Sou mais.
Sou eu.
E não tu!