Da Faxineira

Dedicado â Jota Garcia e Primavera Azul

Não quero, da poesia,

nenhum status de poeta;

isso não me afeta

o orgulho ou a fantasia.

Poema é a alegria

de escrever que projeta

minha alma discreta

num fluxo de rara magia.

Como um tal pedreiro

que, com tijolos, faz um poema;

ou, em um outro esquema,

com as flores, o jardineiro;

palavras, pra mim, têm cheiro;

e'assenta-las sobre o tema

é meu muro e dilema :

tijolos ou flores primeiro?

Escrever é faxina

e a poesia, faxineira!

a dor é a nossa sujeira;

e seja grossa ou fina,

limpa-la é a sua sina...

sua função verdadeira.

O crack foi lixeira,

colocada em minha esquina;

minha chance divina

de limpar uma vida inteira;

e'a poesia, peneira

de peneirar roberto pina.

28-05-2013

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 30/05/2013
Reeditado em 17/01/2024
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