CAPAS

CAPAS

Olhei para as plumas e os paetês

jogados num canto qualquer da minha varanda

Eu já nem lembrava deles

Estavam lá escondidos sem qualquer serventia

Não sei pra que vieram

e nem para onde iam

Olhei para o lado de fora da varanda

E aquela árvore frondosa ,

essa eu sabia sim

Que conquistava tudo que havia de doce

em mim

Sempre achei bonito o caroço das frutas

Mania essa minha, de gostar das coisas nuas,

Sem capas

Sem farpas de mentira

Mania de achar que se pode viver de verdade

Sem fingir nada

Aconchegando a igenuidade

sem medo de ser chamado de tolo

Feliz como criança soprando vela de bolo

Mania...

Mania de sair da prescrição social

Mania de penetrar nos mistérios

de não acreditar no mal

de levar o amor a sério

mania...

Vou voltar à minha varanda,

Vou chamar as crianças do mundo

Pra brincar de ciranda,

e com a força da infância

rasgar as derradeiras plumas...

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 29/05/2013
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