CAPAS
CAPAS
Olhei para as plumas e os paetês
jogados num canto qualquer da minha varanda
Eu já nem lembrava deles
Estavam lá escondidos sem qualquer serventia
Não sei pra que vieram
e nem para onde iam
Olhei para o lado de fora da varanda
E aquela árvore frondosa ,
essa eu sabia sim
Que conquistava tudo que havia de doce
em mim
Sempre achei bonito o caroço das frutas
Mania essa minha, de gostar das coisas nuas,
Sem capas
Sem farpas de mentira
Mania de achar que se pode viver de verdade
Sem fingir nada
Aconchegando a igenuidade
sem medo de ser chamado de tolo
Feliz como criança soprando vela de bolo
Mania...
Mania de sair da prescrição social
Mania de penetrar nos mistérios
de não acreditar no mal
de levar o amor a sério
mania...
Vou voltar à minha varanda,
Vou chamar as crianças do mundo
Pra brincar de ciranda,
e com a força da infância
rasgar as derradeiras plumas...