POEMA DE UMA TARDE CINZENTA
Já quis um dia escrever um poema
extremamente subjetivo
peguei papel e lápis
sentei embaixo do jambozeiro
disposto a contar-me tudo
inútil, um rabisco não saia
o que era pra ser um diálogo
num monólogo desenhou-se
não era Eu quem estava ali
era um eu que Eu não conhecia
Assustado amassei a folha
estava em branco, sem uma linha
Ainda não sei se sou Eu mesmo,
um espectro de mim ou
camadas de vozes em desarmonia.