Ridículo

Ridículo, aquele seu gesto!

Foi algo incomum, um dito indigesto

Quando ficou perto dela

Aloprou, falou o que não devia

Era mais do que sentia

Ele não pôde calar, cuspiu críticas

Da mais estritas, das imorais

Estava tão empolgado com sua presença

Depois que começou a beber

Só efervesceu-se as ideias

Propôs no desespero do momento

Na hora do lamento, no momento do passado

Que faria o possível para ser aceito

Que por ela daria um jeito, e tudo seria feliz

Ela riu, riu muito, riu demais

Ele, sua pequenez se agigantou...

Esperou ela terminar, só lhe restava entender

Ela, assim que se controlou começou a falar

"Não pouco ingênuo, esse seu desesperado veneno

É vontade mera de meu corpo, ânsia de me tocar"

Ele acha que pode suportar

O inútil desespero de estar só

Todos tem história, de derrota e de glória

Todos tem um passado que vive presente,

Doença contemporânea, nostalgia da infâmia

E ele tem o futuro inteiro pela frente

Pra lembrar e achar ridículo

O que fez naquele dia presente...