Neutralizar
E se for à noite à senhora dos desalentos,
[D'ela escutei martírios,
Cantamos a roda, brincamos a seiva, jogamos aos apanhadores,
Eis então que surge na alvorada um belo marfim cristalizado, reluzente, condecorado,
Trêmulo esgueira-se a reverência,
Mantêm-se ao controle, exerce a calma hispânica.
Para nenhum outro fim dou o poema, se não aliviar minha dor,
Minhas loucuras insanas aprisionadas ao âmago qual uma floresta é,
Nem ouse procurar sentindo, nem riquezas, pois cousas d'assim jamais dispus.
Sem classificação, ou sentinela, nem sonetos, nem metragem, sai assim,
Simples como manhãs primaveris próximas ao oceano perdido de Mu,
Gostaria de até lá apanhá-la, cataria seus cristais, os colocaria em bolsos e traria ao mundo,
Doce, sugesta, Mundo, irreverente acima de tudo, peca contra corretos, ora pelos errantes.
E se a mim coubesse ser um livro, padeceria d'uma aventura nostálgica,
Pois a verdade se encontra nas tristezas profundas embaladas
[por senhores do sono,
Um dia ainda terei de volta o que já pertenceu,
Até lá sentarei à janela, declamarei aos poetas que vossas ideias...
Não me importam e delas não tiro influencia,
Prosseguirei aqui, de tal modo, qual obtenha ao final da vida,
Com sorte e tiros, saldos nem positivos, tão tarde negativos,
Só e unicamente neutralizados.