Sândalo
Pela pedra que me atiraste,
Ainda que primeira,
Já tens o meu perdão;
Por teu ato impensado,
Te acalme,
Já tens a minha compaixão.
E te darei o beijo de caridade;
E te darei o abraço de irmão.
Antes mesmo que as feridas causadas
Sejam curadas,
Antes mesmo que a última gota
Do sangue derramado
Sacie esse solo sedento
Que me acolheu a queda,
Ofereço minha mão.
Como em outras vezes tantas
Sairemos pela noite
Trocando juras de carinho;
Como nos tempos de outrora
Caminharemos ombro a ombro
Colorindo os campos de alegria.
Contra meu peito acolherei teu rosto,
Sob meu braço aconchegarei teu corpo
E ternamente sussurrarei em teu ouvido;
E se fores capaz de corar
O fará, por minha gentileza,
Quando ficar mais uma vez provado
Que, a despeito de tudo,
Perdoar
Faz parte da minha natureza.