Republicação em homenagem à gentil poeta IVONE GARCIA (Ivoninha)
* Este é um poema de IVONE GARCIA:
Amontoados de cruezas
Lancinantes dúvidas corporificadas
Insanidade vociferando sua lucidez
Vidas contabilizadas em gotas
Áridos grotões rubros a secar
Irrespirável oxigênio
Rastejar infindo da matéria
Putrefata em sua agonia
Últimos estertores a gritar
Da omissão nada surge
Apesar da generalizada torpeza
Teimosas e vãs são as esperanças
Quero viver! Seu poema me levou às lágrimas... Coincidentemente hoje estava fazendo uma pesquisa na jurisprudência sobre mais uma vítima do descaso estatal internada em um hospital público. Este cenário de horror tão bem e fielmente tratados nos acórdãos não abandonou a minha mente! Não culpo os médicos, enfermeiros, demais trabalhadores... A estrutura onde se pontifica o Estado está doente, saúde não faz emergir o faraônico das obras, nem se transforma em palco onde artistas possam se apresentar e alegrar o povo!Há muito ainda a se fazer pela saúde e educação nacionais! Todos somos iguais perante à lei!!!! Lindo poema!!!! Que Deus te abençoe para sempre!!!!
***
Íntima (Tânia Meneses)
Que devo fazer com a amedrontadora profundidade daquele olhar
Com aquela sede que seca a taça
Com as largas resplandecências do que ficou perdido
Para sempre perdido nos grotões do mundo
Como fechar as fendas por onde escorrem as perguntas
De que forma orar
Chagar os joelhos e a misericórdia divina esperar
Como ampará-la nos braços e fazer com que adormeça
E então sonhe
E então encontre a resposta que procura
Para uma angústia milenar a cura
Quem são aqueles ao seu redor que nem notam
Quanto infinitamente o seu peito está combalido
Resta-lhe somente um olhar que ficou perdido
E a fronte digna e também louca
Eu quero ficar naquele olhar cinzento e frio
E não quero que o mundo me pergunte sobre isto