Republicação em homenagem à gentil poeta IVONE GARCIA (Ivoninha)

* Este é um poema de IVONE GARCIA:

Amontoados de cruezas

Lancinantes dúvidas corporificadas

Insanidade vociferando sua lucidez

Vidas contabilizadas em gotas

Áridos grotões rubros a secar

Irrespirável oxigênio

Rastejar infindo da matéria

Putrefata em sua agonia

Últimos estertores a gritar

Da omissão nada surge

Apesar da generalizada torpeza

Teimosas e vãs são as esperanças

Quero viver! Seu poema me levou às lágrimas... Coincidentemente hoje estava fazendo uma pesquisa na jurisprudência sobre mais uma vítima do descaso estatal internada em um hospital público. Este cenário de horror tão bem e fielmente tratados nos acórdãos não abandonou a minha mente! Não culpo os médicos, enfermeiros, demais trabalhadores... A estrutura onde se pontifica o Estado está doente, saúde não faz emergir o faraônico das obras, nem se transforma em palco onde artistas possam se apresentar e alegrar o povo!Há muito ainda a se fazer pela saúde e educação nacionais! Todos somos iguais perante à lei!!!! Lindo poema!!!! Que Deus te abençoe para sempre!!!!

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Íntima (Tânia Meneses)

Que devo fazer com a amedrontadora profundidade daquele olhar

Com aquela sede que seca a taça

Com as largas resplandecências do que ficou perdido

Para sempre perdido nos grotões do mundo

Como fechar as fendas por onde escorrem as perguntas

De que forma orar

Chagar os joelhos e a misericórdia divina esperar

Como ampará-la nos braços e fazer com que adormeça

E então sonhe

E então encontre a resposta que procura

Para uma angústia milenar a cura

Quem são aqueles ao seu redor que nem notam

Quanto infinitamente o seu peito está combalido

Resta-lhe somente um olhar que ficou perdido

E a fronte digna e também louca

Eu quero ficar naquele olhar cinzento e frio

E não quero que o mundo me pergunte sobre isto