DAQUELE VERÃO

Num exercício de futuração
te direi, minha amiga,
que entardecerão juntos
nosssos corações.

Estes mesmos corações
que tantas vezes se inquietaram
e tantas outras se amorteceram
nos atormentados desencontros
das almas.

Que do pensamento não sobrevive o afeto.

Nossas almas viveram muito
os sonhos,
as esperenças,
as criações,
essas coisas que só aos céus pertencem.

Nossos corações, porém,
ficaram presos na terra,
acovardados,
temendo o romper das auroras
que só acontecem nos voos cegos
da paixão.

Ainda que nossas almas sobrevivam
aos seus próprios encantos e loucuras,
nossos corações terão partido
em busca da felicidade perdida.

A mesma felicidade
que sempre esteve nos sonhos
daquela casa,
daquela praia,
daquele verão
que jamais esqueceremos.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 26/05/2013
Reeditado em 11/07/2017
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