A Tecelã do Amor

Todos os dias

Ela alinhavava um poema

Para a Outra vestir

Estendia-o no varal

E quando as gotas da saudade

Começavam a cair

A janela se abria

Para as mãos do desejo

Ousadamente o colher

E a outra bebia, comia,

Cobria-se com

Cada palavra pendurada

No vazio do seu quintal

E lá ficava... pronta

Vestida a sorrir

Com a lã das metáforas

E versos tecidos sob medida

Rimas bordadas por linhas atrevidas

Que a nenhum outro corpo

Desejaria cobrir

Hoje, Ela quieta,

Brigada com a poesia

Não costura uma estrofe

E a Outra descontente

Anda nua a reclamar

Os poemas de rio e mar

Que diariamente a vestia.

JOÃONINGUÉM
Enviado por JOÃONINGUÉM em 25/05/2013
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