Fugaz o Anoitecer
A janela aberta permite-me ver...
A chuva de folhas partindo lá fora.
Atrás deste vidro a tarde se encerra!
Mais o meu coração se demora.
Dorido um som de piano amolece o crepúsculo...
Estou a observar estático!
Procurando a eterna pausa em um presente fugaz.
Que faz pulsar ainda mais
As contrações deste meu músculo.
Não sei onde está pausado o presente!
Talvez esteja na estação lauta de fores
Nos botões dos campos.
Longe de todos os olhos longe de todos prantos.
Em algum horizonte em vermelho doirado do sol.
Atrás das linhas curvas da distância.
Em algum arrebol.
Perdido sem esperanças.
Não sei ao certo!...
Apenas observo incessantemente!
Os pássaros voam livres...
Parecem escritos em palavras
De um poema de minha intimidade.
Nas paredes uma pausa nas fotografias!...
Absorvendo olhares e idades.
Mudas noutro presente.
Que foi e não é mais
A não ser na pausa adquirida
Que o tempo não desfaz.
O mundo lá fora se avoluma...
Vai aos poucos ficando escuro
As nuvens estão partindo esfarrapadas em plumas
E as estrelas despontam acima dos muros.
Finda-se o cigarro que o vento tragou de meus dedos!
Tudo se transforma enquanto a noite se esfria
Silencia rapidinho a musica vadia...
As folhas trimilincando nas telhas da casa.
Parecem os fantasmas recitando as poesias.