Íntima
Que devo fazer com a amedrontadora profundidade daquele olhar
Com aquela sede que seca a taça
Com as largas resplandecências do que ficou perdido
Para sempre perdido nos grotões do mundo
Como fechar as fendas por onde escorrem as perguntas
De que forma orar
Chagar os joelhos e a misericórdia divina esperar
Como ampará-la nos braços e fazer com que adormeça
E então sonhe
E então encontre a resposta que procura
Para uma angústia milenar a cura
Quem são aqueles ao seu redor que nem notam
Quanto infinitamente o seu peito está combalido
Resta-lhe somente um olhar que ficou perdido
E a fronte digna e também louca
Eu quero ficar naquele olhar cinzento e frio
E não quero que o mundo me pergunte sobre isto
***
O texto poético que participa desta página e me honra sobremaneira é o da poeta CONCEIÇÃO GOMES
E esta angustia que me consome
A mim e aos versos que componho
nas noites de escuras encruzilhadas
Onde não sei que rumo tomar
Já nem nem busco pela cura
Já que os milenios a esconderam
E neste olhar de cinzas mortas
Resta-me o caminhar sem ceus estrelados.