Olhar na Vidraça
Pela vidraça o olhar da flor saudade
um tanto nostálgica em uma recordação
correndo algures pela apreciação
de um sentimento de sinceridade.
E do outro lado um jardim seco ranzinza
sem mais delongas somente a água rara
que lava a alma de uma rosa em despedida
e que reflete na vidraça um breve adeus.
Sonhos partidos que destemidos ganham o mundo
levando a fome e o desejo de oscular
a tez tão pálida e já tão morta do seu perfume
que nas minhas quimeras fazem-me divagar.
Tão breve foi o tempo daquele abraço carinhoso
agora é um vendaval de um olhar triste ou jocoso
de uma partida, da despedida, da morte certa
daquele gosto que agora a boca é tão incerta.
O olhar pasmo e os passos longos pela vidraça
no coração um breve ardor pela partida
no leste o sol raia distante e até fulgurante
e na alma a luz se põe e esconde o pranto.
Sonhos partidos que foram idos sem sensações
deixando entalhes com mil detalhes, recordações
e da vontade que foi pungente agora escura
pelas vielas da solidão em dor tão crua.