NÃO TE VÁS

Não te vás, ó poesia, não me deixes!

Às vezes, sinto-te escoares da inspiração às mãos

e fluíres por entre os dedos...

Não te vás!

Se te fores, farás meu sentimento por parceiro,

e que serei eu, então?! Uma sonâmbula

a perambular por veredas que a nada levam?

Da minha vida foste eterna companheira

e confidente nas horas de colóquio com o papel.

Por ti, quanta lembrança não se tornou bruma,

e quanto não se esvaiu no longe do passado!

Das garras da insipidez só tu me salvas

e te tornas a fonte viscejante que sacia,

porque és um doce dom de Deus!

Só por ti se vai ao Pai - porto seguro -

que, de leve, lava e enlaça e liberta e sara!

Em tuas asas de cores puras derramadas,

quero voar ao léu, sempre contigo em sintonia!

Visitar manhãs, auroras e entardeceres...

Desvelar, por teus olhos, do Criador a Onipotência,

e louvá-LO por todo sentimento

e sensibilidade que me conduzem

pelos caminhos do Belo!

NEUSA RAMOS
Enviado por NEUSA RAMOS em 24/05/2013
Código do texto: T4306433
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