Trincheiras Queridas

São como os ases de uma foda ilícita

entre os espinhos de uma terra esquálida

entrecortada por foices implícitas

na derrocada de uma paz fantástica.

São como espadas em limo enferrujadas

na carne flácida de uma guerra pobre

que enterra homens sujos sob homens

que não oravam pelo algoz de Ares.

E nas trincheiras sangue e murmúrios

suor na face dessa tez queimada

que pelas vidas nuas são cortadas

pelas navalhas de uma solidão.

São como estrelas mortas e explosivas

brunindo espaço na foz do esquecido

canto vibrante em vozes escondidas

pelas mortalhas vivazes do ente sombrio.

São como as trovas de um tempo vadio

cantadas tristes em lume e lascívia

de um violeiro de esqueleto magro

que escapa à lua em noites fugidias.

E nas trincheiras amores pitorescos

já tão decapitados pela mão carrasca

que engoliu vidas em gargalos esmos

e o que restou foi minha carapaça.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 23/05/2013
Código do texto: T4305454
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