Confissão*

Minha alma, sombra descamisada,

Presa no movediço da minha hipocrisia.

Seguimos trilhos arriba acima da sorte;

Pois nem todo rumo sempre é norte

À quem vive sem noite e sem dia.

Nos teus prenhes da glória passada

Não dei luz à tua sonhada soberbia,

Fui osso mesquinho, imitação de forte;

Pois nem toda carne carrega suporte

Para a dor do amor que eu já conhecia.

Revelo-te-me minha filosofia cansada:

Nem ao senhor nem ao escravo se fia

Culotes de seda à inevitável morte;

Pois ela não se nega ao fraco ou forte,

Igual ao dia que ao fim se desfia.

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 29/03/2007
Reeditado em 31/10/2012
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