Confissão*
Minha alma, sombra descamisada,
Presa no movediço da minha hipocrisia.
Seguimos trilhos arriba acima da sorte;
Pois nem todo rumo sempre é norte
À quem vive sem noite e sem dia.
Nos teus prenhes da glória passada
Não dei luz à tua sonhada soberbia,
Fui osso mesquinho, imitação de forte;
Pois nem toda carne carrega suporte
Para a dor do amor que eu já conhecia.
Revelo-te-me minha filosofia cansada:
Nem ao senhor nem ao escravo se fia
Culotes de seda à inevitável morte;
Pois ela não se nega ao fraco ou forte,
Igual ao dia que ao fim se desfia.