TÉDIO
Não quero o suco
Hoje quero o amargo vinho
Não quero a rosa
Quero dela o espinho...
Quero o raio ao sabor da tempestade
Quero carregar todo o peso da idade
Quero lama nos pés pelo caminho...
Não quero o riso,
Quero o choro da criança
Quero dúvida , incerteza
ao invés de esperança
Quero pedra...
quero sombra na lembrança.
Quero a cinza morta
do cigarro no cinzeiro
Da fruta podre quero o gosto...
quero o cheiro.
Quero o dia pela metade
e não inteiro.
Quero nas mãos uma vela apagada
Para olhar e não rezar nada
E continuar assim... entediada.