E o meu peito sangra de saudade
Ando pelas ruas do centro da cidade
Caminho devagar
Vejo a lua no céu da rua
Desta rua da minha infância
Lua agora fria, pálida
Comendo sentado na calçada
O pão do lixo
Um homem de figura esquálida
E o meu peito se toma de saudade
Ando pelas ruas da cidade
Vejo as casas
Revejo senhoras e senhores
Revejo a antiga loja de penhores
Quem são todos estes que não sabem da história da minha rua
E andam por ela assim, de forma tão crua
Ando pelas ruas da cidade
Tantas luzes se acendem
Tantos becos se transformam em poesia
Que vontade de abraçar e beijar o rosto daquele jovem gay
O rosto franzino, o nariz fino, de um lado brilhando
O falso adamantino
Na ilusão daquele menino
Ando pelas ruas da cidade
O luar me olha
E o meu peito cortado de saudade
Ando pelas ruas da cidade
E quem vi criança
Não tem mais o sorriso de antes
A menina perdeu a negra trança
Ando assim, nostálgica e louca
Pelas ruas da cidade
E o meu peito explode de saudade
Ando pelas ruas da cidade
Na catedral tudo exatamente igual
A lua escoando entre a folhagem
A lua me segue
A lua me pergunta
Mas eu não sei o quê
Ando pelas ruas da cidade
E o meu peito sangra de saudade