ah essa maldita dor no peito

ah essa maldita dor no peito

que me arranca o sossego

e trôpego ando

e vejo o que não vejo

e sinto o que não desejo

e me arregaço

aos confins de mim mesmo

ah essa maldita dor no peito

que me escurece as vistas

me seca os rios por dentro de mim

como os açoites dos devaneios

noturnos e soturnos

como os sonhos íngremes

que me fazem dobrar os joelhos

ah! essa maldita dor no peito.

ah! essa maldita dor no peito!

ah! essa maldita dor no peito...

que faz escorrer dentro de mim

riachos lamacentos

insossos intactos

moribundos

como vagalumes sem lumes sem rédeas

como pavio curto sem gás sem nutrientes

sem ventos nas curvas

dos segredos

que eu escondo

nos varais

sem sois

sem luas

sem esquinas

ah! essa maldita dor no meu peito

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 21/05/2013
Reeditado em 08/06/2013
Código do texto: T4301842
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